Entrevista John Norwood - Baixista FISHBONE

quarta-feira, 14 de julho de 2010


É isso mesmo! Você não entendeu errado, é a mesma banda que você está pensando nesse exato momento. O que? Você não conhece? Nunca ouviu falar?
Tudo bem, não tem problema, mesmo porque os caras não chegaram a “estourar” por aqui, mas essa falha da mídia já pode ser remediada, sim, as maravilhas (ou não! rsrs!) da internet já nos permite conhecer qualquer artista ou banda sem o “filtro” dos veículos de massa.
O engraçado é que eles estavam “por lá”, mas não “lá” de fato. Confuso né? É assim mesmo no maravilhoso mundo do mercado fonográfico, mesmo com qualidade musical, personalidade e novas propostas uma banda pode não alcançar o mesmo “sucesso” de outras.

Hey! Espera aí! Não precisa fechar a janela, calma! Eu não sou mais um revoltado com o “sistema”, foi apenas a maneira mais lógica de tentar explicar a pouca exposição da banda no Brasil.
Red Hot Chili Peppers você conhece? Jane’s Addiction? e No Doubt? Pois o Fishbone chegou até um pouco antes deles, na mesma cena californiana, abriu shows para o Chili Peppers, tocou no Lollapalooza (organizado pelo líder do Jane’s, Perry Farrell) mas não teve o mesmo reconhecimento no “mainstream”. A mistura do Ska com Punk Rock, Metal com Funk e mais uma meia dúzia de influências é a marca deles, mas vamos fazer o seguinte? Se você quiser realmente entender essa banda, dá uma sacada no myspace oficial do Fishbone.
Agora vamos à atração principal.
Através do portal Rockpress e a Patricia Faveri entrevistei, via e-mail, o baixista e um dos fundadores da banda, John Norwood. Ele falou sobre como a banda funciona, a carreira e o filme "Everyday Sunshine: The History of Fishbone", lançado mês passado nos EUA.
A banda já começou com uma diversidade musical muito grande, cada integrante trazia uma influência, mas juntos formaram o que é o Fishbone. Isso ainda acontece?
Com certeza! Principalmente, porque a proposta original da banda continua intacta. Todos somos a favor da expressão por completo, gostamos de sentir isso do nosso público nos shows. Nós nos expressamos por completo e isso vem de cada um da banda.
John Norwood "Fisher" (Foto: Dean Karr ©Astrella2013) 


Vocês formaram a banda antes mesmo do Red Hot Chili Peppers, na mesma cena de onde surgiu o Jane´s Addiction e influenciaram o No Doubt. Conquistaram muito respeito na cena, mas ficaram fora do mainstream. Para vocês isso foi melhor ou pior para a carreira da banda?
O fato é que nos prendemos naquilo que acreditávamos e tentamos fazer a melhor arte possível. Isso é muito mais importante do que se o fato de termos ficado fora do mainstream foi melhor ou pior.
O som do Fishbone tem suas raizes na cidade de Los Angeles, mas conquistou fãs por todo os EUA e no mundo. Você concorda que isso é um sinal de que a arte não tem fronteiras ou limites?
Nós somos a “irmandade” sem fronteiras ou limites para o som, a vida estilizada dos níveis mais elevados, onde até os quadrados rolam!
Você acha que ainda existe um tabu com relação a bandas pesadas, formadas apenas por afro-americanos ou isso é coisa do passado?
Eu acredito que isso tenha ficado no passado, mas ainda assim, tem muito trabalho a ser feito. A galera está cagando para o estereótipo do negro e branco. Isso foi no tempo do Chuck Berry, Little Richard e do Bo Diddley. Isso era notório, ficava estampado na expressão da galera nos nossos shows, por toda a nossa carreira. O problema da época de Jelly Roll Morton era a “máquina” (expressão para o sistema, governo, autoridades e afins).
Para essa geração “banda larga” ouvir as músicas do Fishbone pode soar, simplesmente, como uma banda de Ska com guitarras distorcidas, mas não é bem assim. Vocês sabem como misturar a estrutura do Ska com distorção nas guitarras e elementos mais pesados muito bem. Como vocês organizam tudo isso?
Nós sempre procuramos abordar todos os tipos de música, sempre com muito respeito. Nós trabalhamos muito para desenvolver um som autêntico, antes mesmo de “parir” qualquer tipo de música. É sempre feito com amor e respeito às raízes, seja qual for o estilo que escolhemos desenvolver.
O documentário "Everyday Sunshine: The History of Fishbone" estreiou mês passado em Los Angeles. Os fãs Brasileiros terão a oportunidade de assistir?
Acredito que sim! Teremos ainda um lançamento mundial, onde quer que seja, se as pessoas se interessarem pelo Fishbone, o filme estará por lá.
O que você acham das bandas norte-americanas de rock atualmente?
Acredito que o underground ainda vá surpreender, é de lá que o futuro da música sempre surge. Eu busco a voz dos oprimidos, porque é de lá que a verdadeira vibração Punk Rock emana. Revolta verdadeira e raiva honesta.
Desde a “Era Grunge” quando as bandas surgiram de garagens obscuras e conseguiram destaque, o mercado muscial não muda de foco. Vocês acham que as bandas mais comerciais serão sempre o “carro-chefe”?
As bandas comerciais serão nocauteadas pela próxima grande revelação. Assim como o Grunge derrubou a cena de Hair / Glam Metal de cara, como se fosse um soco do Myke Tyson.
Eu sei que essa é uma pergunta comum e até frequente, mas depois de 31 anos de carreira, um filme sobre a banda, muita música e, notoriamente, muita energia, qual o próximo passo?
Ainda estamos no ramo da ciência exploratória, vamos cavar ainda mais fundo na tentativa de desenterrar um som, completamente diferente do que já foi feito antes. Se falharmos, teremos nos divertido muito no processo de criação da boa e inovadora arte.
Você continua com o espírito de “Truth and Soul” (verdade e alma)? Como você faz para mantér essa energia, mesmo com membros novos na banda?
Eu acho que somos muito, mas muito sortudos por ter esses músicos na banda. Eles são talentosos e muito versáteis, acrescentam muito ao conjunto.
Se você já conhece a banda deve estar contando os dias para o show deles por aqui...
Ah! Vá? Não tá sabendo? Yes Sir!
Os caras chegam ao Brasil no dia 22 e tocam em Porto Alegre no dia 23, no Rio de Janeiro dia 24 e aqui em Sampa no dia 25.
Foto: ©2016 David Dominic, Jr.


That´s it Folks!

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