"Nós somos o Fear Factory!"

domingo, 6 de dezembro de 2009


Ouvir essa frase depois de quase oito anos de hiato, com certeza, mexe até com quem não é fã. Na verdade pode não haver um significado mais profundo, provavelmente é uma frase usual do frontman Burton C. Bell, mas para os fãs mais devotos da banda, essa afirmação alimenta esperanças e afasta qualquer dúvida. Sim! Os caras estão de volta. A banda oficializou o retorno aos palcos esse ano, depois de muita polêmica em torno da dupla Dino Cazares e Burton C. Bell, e os outros membros originais contrários ao uso do nome Fear Factory sem a presença deles. Com ou sem os caras, o importante é ter a banda na ativa novamente e melhor, preparando um novo álbum. Na última sexta feira eles se apresentaram em terras brasileiras pela primeira vez, confesso não ter sentido a falta do batera e baixista originais, o baixista Byron Stroud, membro desde 2004, e o monstro Gene Hoglan mostraram extrema competência, além do mais, a voz e os riffs que colocaram os caras na história do metal estavam lá, transportando os presentes a uma viagem no tempo e tirando a poeira dos ouvidos sedentos. Para satisfação do público, o repertório foi elaborado para garantir o máximo de delírio possível. A abertura deu o tom da apresentação, “Shock” do álbum “Obsolete” de 1999, colocou o Espaço Lux abaixo. A expressão das pessoas foi mudando da perplexidade para a insanidade, inspirados por um frontman entusiasmado e nitidamente compenetrado, apontando para os fãs e conduzindo o show como um verdadeiro maestro. Sem direito a respiro, os caras mandaram “Edge Crusher”, “Smasher Devourer” e só pararam depois de “Martyr” do primeiro álbum “Soul of a New Machine” de 1992. Mesmo com seus 40 anos, Burton C. Bell mostrou quanto o tempo só o fez aprimorar – a saber, o Fear Factory foi uma das primeiras bandas a utilizar os dois tipos de vocal, gutural e melódico – seus berros insanos e o timbre de voz singular não sofreram alteração. Não preciso nem mencionar a performance de Dino Cazares, também longe de ser um menino, andava de um lado para o outro do palco, chamava o público, bangeava como um louco, e claro, preciso e matador na guitarra. Assisti alguns vídeos de apresentações da banda, antes do hiato, e notei a presença de um tecladista no palco. Agora eles não contam mais com o teclado, mesmo assim, tiveram a preocupação em colocar as introduções idênticas as dos álbuns, permitindo aos mais viciados reconhecerem as músicas antes mesmo do primeiro acorde. No meio da tempestade dos grandes clássicos, aproveitaram para executar ao vivo, a inédita “Powershifter” e pela amostra é possível prever um grande álbum da banda vindo por ai, essa música fará parte de “Mechanize”, previsto para ser lançado no começo de 2010. Sem frescura e literalmente sem pausas, a não ser pelas rápidas trocas de guitarra, o Fear Factory mostrou profissionalismo, paixão e muita energia, fizeram valer cada centavo pago no ingresso, sem colocar fama em pedestal de ouro, pelo contrário, demonstraram respeito aos fãs e um show digno de fortunas cobradas por outros artistas. Guardaram o sucesso “Replica” para o final e com ela se despediram dos fãs brasileiros, agora com certeza ainda mais ansiosos por material novo. Aos que não conseguiram conferir os caras ao vivo ou não acreditam nesse retorno, posso garantir, eles voltaram para ficar. 


Diferente de outras “reuniões” externaram razões claras para isso. São músicos talentosos e competentes, que acreditam no seu trabalho e fazem música verdadeira, a parte de qualquer tipo de modismo ou inclinação comercial. Se o Fear Factory não entrou para a sua lista de shows, trate de colocar, pois é raro presenciar uma banda com quase vinte anos de carreira demonstrar tanta disposição no palco quanto eles, agora nos resta aguardar o lançamento do novo álbum e o retorno dos caras ao país, eu estarei lá com certeza. 

 Set List: 

Shock 
Edgecrusher 
Smasher/Devourer 
Martyr Scapegoat 
Crash Test 
Linchpin 
Powershifter 
Resurrection 
Demanufacture 
Self-Bias Resistor 
Zero Signal 
Flashpoint 
H-K (Hunter-Killer)
Pisschrist 
Replica

MÚSICA?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Eu sempre me preocupei com música. Desde o colégio prestava atenção nos detalhes, fazia críticas mesmo sem muito conhecimento, mas uma coisa era certa, a melodia precisava vir da alma. Tenho plena consciência da minha extrema paixão por sons carregados de sentimento, motivo esse que me torna tendencioso ao falar do assunto, música faz parte da minha vida em tudo. É até engraçado, as vezes me pego sozinho cantarolando alguma coisa ou, melhor ainda, quando estou caminhando e sou transportado para uma outra realidade, é como se eu estivesse em um filme e a trilha sonora acompanhasse cada passo. Tá bom! Concordo! Eu sou meio maluco mesmo, mas acho necessário ser um pouco maluco para entrar na vibe do som, para sentir, respirar e se inspirar.
A vida nos torna menos sonhadores e mais realistas, essa perspectiva apaga um pouco a sensibilidade às coisas mais simples, aos estímulos mais discretos. Tudo se torna preto no branco, certo e errado, adequado e inapropriado... Perdemos tanto tempo nos preocupando e perdemos aquele "Click" dentro de nós, aquele capaz de apagar tudo ao redor e concentrar sua mente nas pequenas reações estimuladas pelo invisível. Tá! OK! poético demais, na verdade a intenção é fazer perceber a potencialidade de sentir, presente em todos nós.
Introdução feita, vou partir para o assunto principal, a razão real desse texto. Ultimamente tenho reparado nas bandas e artistas em destaque no Brasil, além claro de alguns gringos, mas aqueles que fazem uma massa segui-los, fãs de todos os tipos espalhados pelo país. Não é novidade para mim, nem para ninguém acredito eu, que o sucesso não é sinônimo de qualidade, mas espera ai, será possível ser tão indiferente ao ponto de venerar uma banda de vitrine? É sério! Não é o caso fazer uma lista aqui, mesmo porque eu provavelmente seria injusto [esqueceria ou desconheceria uma tonelada de bandas das quais o único diferencial é o nome]mas me deixa muito irritado o fato de bandas como essas conseguirem espaço, patrocínio, oportunidades que outras bandas do underground ou até mesmo algumas fora de qualquer cena não tem, mas fazem música honesta e de qualidade.
Ser uma banda independente já é difícil pelo próprio título, as pessoas relacionam isso a qualidade inferior e não se dão ao trabalho de parar para ouvir. Apesar desse pré-julgamento, a falta de interesse dos meios de comunicação especializados coloca mais um obstáculo no caminho dos músicos de verdade.
Não é um caso isolado das bandas de "sucesso", mas banda ruim ao vivo, na minha opinião, não é uma banda. Se metade dos fãs de certos artistas parassem para prestar atenção na qualidade dos seus "ídolos" quando o amigo Pro-Tools está descansando, com certeza a história seria diferente. Será? Pior que não. Fãs fervorosos de artistas pavorosos, perdem o foco cantando o mais alto possível aquele hit da rádio e não dão a menor importância se aquele ser ao microfone é competente.
Vou entrar num mérito bem polêmico [eu sei! falar de música remete a opinião (gosto?) e já é por exelência polêmico] rock cantado em português! Olha só! Eu sou fã de rock E de música boa, mas convenhamos que para cantar na nossa lingua é necessário muita competência e talento. CONFESSO, não gosto de nenhuma banda de rock nacional, salvo raras exceções, mas é uma questão de estilo. O rock nacional criou uma identidade e ela não me agrada, diante disso, porque não valorizar bandas brasileiras que escrevem letras em inglês? Muitas bandas fazem um trabalho tão ou mais competente que muito gringo, e o que acontece? Elas são obrigadas a sair do país para conseguirem o mínimo reconhecimento. Eu sei! A maioria delas volta ou permanece por lá no anonimato, mas se no próprio país elas não tem nenhum valor, sou a favor do valor mínimo lá fora. As pessoas tem a péssima mania de criticar os fãs de bandas internacionais: "Você nem sabe o que esse cara tá falando. Aposto que ele tá falando merda e ofendendo sua querida mãe". Amigo! vai se informar, você não vai perder nada pegando o encarte da banda e um dicionário, quem sabe assim vocÊ não aprende alguma coisa. Falando sério! Vamos supor que eu não entenda inglês, mesmo assim, prefiro ouvir música boa e não entender a letra, do que ouvir qualquer dessas bandinhas, das quais eu entendo em bom português, cantando um monte de asneira e frases feitas. É triste e não é ao mesmo tempo, todos merecem o seu espaço, mas conquistar a posição de "sucesso" implica também em uma série de mudanças, muitas delas ruins. Incomoda o fato de ter tanta coisa boa escondida e sermos obrigados a esse bombardeio de aberrações, mas muitas vezes penso: "É melhor assim".
A próxima vez que você ligar o rádio, pensa nisso. Você ouve aquilo que te agrada ou simplismente aceita te enfiarem guela abaixo esse pacote industrializado? Quando comecei a fazer música, desde o início, procurei não criar expectativas, faço do meu jeito, tenho liberdade para criar e traduzir em melodia as impressões da alma.
Sou metido a músico, mas não vivo de música, gostaria muito, só que o quadro retratado bem na minha frente faz a propósta mudar de rumo. Quanto vale a sua arte? Quanto vale a sua arte para os outros? Que relevância sua arte teria na vida das pessoas? Você quer sua música tocando no rádio? Quer mesmo? E ser classificado junto com tudo o que toca lá também? E aquilo é MÚSICA?