Fighter para ser Foo

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Se esse título não fez sentido nenhum para você, fique ciente de que precisa recuperar 16 anos de história. Ainda não entendeu? Faz assim, aproveita o fato de já estar conectado para ler este e procura uma banda chamada FOO FIGHTERS. Achou? Maravilha. Agora tenta encontrar um cara de nome Grohl, Dave Grohl.
Agora podemos continuar. Pelo menos alguns anos de conhecimento musical, você conseguiu abater.
Essa introdução foi só para deixar todos na mesma página, feito isso, vamos ao motivo do post. Acabo de assistir ao documentário da banda chamado “Back and Forth” e muita coisa pipocou na minha cabeça, achei melhor escrever enquanto a euforia ainda me contamina.
A primeira reação foi pensar que finalmente Dave Grohl conquistou seu espaço como figura importante na música e deixou de ser o ex-baterista do Nirvana com sua nova banda. Melhor ainda é a creditar ser possível algumas pessoas - mais jovens claro - nem mesmo saber da banda anterior e reconhecê-lo como "O cara do Foo Fighters". Obviamente falando do ponto de vista do público, porque o Sr. Grohl faz questão de admitir a importância do seu passado, mas sem necessariamente entrar no mérito Kurt Cobainiano da coisa.
Um sinal desse valor atribuído ao Nirvana foi a opção iniciar o filme com os últimos momentos da banda, mesmo tendo sido o pior momento. Quando o FF surgiu muita gente torceu o nariz - o próprio Dave cita isso - alguns amigos meus se dividiam entre achar interessante ele se tornar frontman de uma banda, outros desaprovaram e esperavam, praticamente, um luto eterno dos companheiros de Cobain. Espera aí. Os caras perderam um amigo de forma estúpida, evidente que isso abalaria a vida deles para sempre, mas isso não significa se tornar "refém da tragédia".
Muitos(as) viúvos(as) encontram o amor novamente, pessoas perdem amigos e entes queridos todos os dias, se formos entrar nesse mérito a conversa vai longe. Seria correto então o Metallica não existir mais, o Alice in Chains, o Ozzy e muitos outros? Arrisco até mais, Vinnie Paul (ex-baterista do Pantera) presenciou o assassinato do irmão e companheiro de banda no palco. Ele pode não estar mais na mídia, mas não deixou de tocar, ele é baterista/músico, fez isso a vida toda e ama o que faz.
Dave Grohl tinha todo o direito de continuar sua carreira e o fez. Detalhe! Contra gosto de muita gente, mas disposto a demonstrar seu talento e conseguiu. Para comprovar essa afirmação nem é preciso muito. O cara é declaradamente admirado por inúmeras figuras importantes, não só no rock, mas na música em geral. Ele montou tantos projetos quanto foram possíveis, gravou com nomes de peso, quando parecia não ter mais possibilidades ele aparece com o Them Crooked Vultures.
Convido aos incrédulos que assistam ao documentário e conheçam um pouco mais do FF e do Dave. Ele não pulou do Nirvana disco de ouro, para o Foo Fighters ganhador de Grammy e sold out no estádio de Wembley. Não. Começou tocando em buracos, viajando de van e quebrando galho de outras bandas em troca de uma oportunidade para abrir o show.
Kurt Cobain é considerado brilhante até hoje, mas isso não exclui a participação nem o talento de Krist Novoselic (baixista do Nirvana) e Dave. O Foo Fighters alcançou um lugar no Hall of Fame merecido, mesmo que Cobain não tivesse morrido, dificilmente estariam ativos até hoje e a constante fuga de Kurt da fama, enterraria a banda no limbo dos ex-grunges dos anos 1990.
Por ser um órfão de bandas grunge, é muito bom sentir esse frio na barriga ao saber que o FF vai lançar algo novo, assistir a uma apresentação deles na internet sem piscar, a vibrar com um disco faixa-a-faixa. Mal consigo expressar a inquietação por existir uma banda que eu gosto, ainda na ativa, a qual eu tenho chance de presenciar tocando ao vivo e esperar por material novo.
O documentário me deixou ainda mais viciado pela banda, pela história dos 5 caras que ainda fazem a diferença na minha vida. Uma das últimas frases do Dave no filme é, na verdade, uma pergunta:
"Como tudo isso aconteceu?"
Eu respondo:
"Fácil Dave. YOU ROCK!"

Entrevista John Norwood - Baixista FISHBONE

quarta-feira, 14 de julho de 2010


É isso mesmo! Você não entendeu errado, é a mesma banda que você está pensando nesse exato momento. O que? Você não conhece? Nunca ouviu falar?
Tudo bem, não tem problema, mesmo porque os caras não chegaram a “estourar” por aqui, mas essa falha da mídia já pode ser remediada, sim, as maravilhas (ou não! rsrs!) da internet já nos permite conhecer qualquer artista ou banda sem o “filtro” dos veículos de massa.
O engraçado é que eles estavam “por lá”, mas não “lá” de fato. Confuso né? É assim mesmo no maravilhoso mundo do mercado fonográfico, mesmo com qualidade musical, personalidade e novas propostas uma banda pode não alcançar o mesmo “sucesso” de outras.

Hey! Espera aí! Não precisa fechar a janela, calma! Eu não sou mais um revoltado com o “sistema”, foi apenas a maneira mais lógica de tentar explicar a pouca exposição da banda no Brasil.
Red Hot Chili Peppers você conhece? Jane’s Addiction? e No Doubt? Pois o Fishbone chegou até um pouco antes deles, na mesma cena californiana, abriu shows para o Chili Peppers, tocou no Lollapalooza (organizado pelo líder do Jane’s, Perry Farrell) mas não teve o mesmo reconhecimento no “mainstream”. A mistura do Ska com Punk Rock, Metal com Funk e mais uma meia dúzia de influências é a marca deles, mas vamos fazer o seguinte? Se você quiser realmente entender essa banda, dá uma sacada no myspace oficial do Fishbone.
Agora vamos à atração principal.
Através do portal Rockpress e a Patricia Faveri entrevistei, via e-mail, o baixista e um dos fundadores da banda, John Norwood. Ele falou sobre como a banda funciona, a carreira e o filme "Everyday Sunshine: The History of Fishbone", lançado mês passado nos EUA.
A banda já começou com uma diversidade musical muito grande, cada integrante trazia uma influência, mas juntos formaram o que é o Fishbone. Isso ainda acontece?
Com certeza! Principalmente, porque a proposta original da banda continua intacta. Todos somos a favor da expressão por completo, gostamos de sentir isso do nosso público nos shows. Nós nos expressamos por completo e isso vem de cada um da banda.
John Norwood "Fisher" (Foto: Dean Karr ©Astrella2013) 


Vocês formaram a banda antes mesmo do Red Hot Chili Peppers, na mesma cena de onde surgiu o Jane´s Addiction e influenciaram o No Doubt. Conquistaram muito respeito na cena, mas ficaram fora do mainstream. Para vocês isso foi melhor ou pior para a carreira da banda?
O fato é que nos prendemos naquilo que acreditávamos e tentamos fazer a melhor arte possível. Isso é muito mais importante do que se o fato de termos ficado fora do mainstream foi melhor ou pior.
O som do Fishbone tem suas raizes na cidade de Los Angeles, mas conquistou fãs por todo os EUA e no mundo. Você concorda que isso é um sinal de que a arte não tem fronteiras ou limites?
Nós somos a “irmandade” sem fronteiras ou limites para o som, a vida estilizada dos níveis mais elevados, onde até os quadrados rolam!
Você acha que ainda existe um tabu com relação a bandas pesadas, formadas apenas por afro-americanos ou isso é coisa do passado?
Eu acredito que isso tenha ficado no passado, mas ainda assim, tem muito trabalho a ser feito. A galera está cagando para o estereótipo do negro e branco. Isso foi no tempo do Chuck Berry, Little Richard e do Bo Diddley. Isso era notório, ficava estampado na expressão da galera nos nossos shows, por toda a nossa carreira. O problema da época de Jelly Roll Morton era a “máquina” (expressão para o sistema, governo, autoridades e afins).
Para essa geração “banda larga” ouvir as músicas do Fishbone pode soar, simplesmente, como uma banda de Ska com guitarras distorcidas, mas não é bem assim. Vocês sabem como misturar a estrutura do Ska com distorção nas guitarras e elementos mais pesados muito bem. Como vocês organizam tudo isso?
Nós sempre procuramos abordar todos os tipos de música, sempre com muito respeito. Nós trabalhamos muito para desenvolver um som autêntico, antes mesmo de “parir” qualquer tipo de música. É sempre feito com amor e respeito às raízes, seja qual for o estilo que escolhemos desenvolver.
O documentário "Everyday Sunshine: The History of Fishbone" estreiou mês passado em Los Angeles. Os fãs Brasileiros terão a oportunidade de assistir?
Acredito que sim! Teremos ainda um lançamento mundial, onde quer que seja, se as pessoas se interessarem pelo Fishbone, o filme estará por lá.
O que você acham das bandas norte-americanas de rock atualmente?
Acredito que o underground ainda vá surpreender, é de lá que o futuro da música sempre surge. Eu busco a voz dos oprimidos, porque é de lá que a verdadeira vibração Punk Rock emana. Revolta verdadeira e raiva honesta.
Desde a “Era Grunge” quando as bandas surgiram de garagens obscuras e conseguiram destaque, o mercado muscial não muda de foco. Vocês acham que as bandas mais comerciais serão sempre o “carro-chefe”?
As bandas comerciais serão nocauteadas pela próxima grande revelação. Assim como o Grunge derrubou a cena de Hair / Glam Metal de cara, como se fosse um soco do Myke Tyson.
Eu sei que essa é uma pergunta comum e até frequente, mas depois de 31 anos de carreira, um filme sobre a banda, muita música e, notoriamente, muita energia, qual o próximo passo?
Ainda estamos no ramo da ciência exploratória, vamos cavar ainda mais fundo na tentativa de desenterrar um som, completamente diferente do que já foi feito antes. Se falharmos, teremos nos divertido muito no processo de criação da boa e inovadora arte.
Você continua com o espírito de “Truth and Soul” (verdade e alma)? Como você faz para mantér essa energia, mesmo com membros novos na banda?
Eu acho que somos muito, mas muito sortudos por ter esses músicos na banda. Eles são talentosos e muito versáteis, acrescentam muito ao conjunto.
Se você já conhece a banda deve estar contando os dias para o show deles por aqui...
Ah! Vá? Não tá sabendo? Yes Sir!
Os caras chegam ao Brasil no dia 22 e tocam em Porto Alegre no dia 23, no Rio de Janeiro dia 24 e aqui em Sampa no dia 25.
Foto: ©2016 David Dominic, Jr.


That´s it Folks!

A DIO

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A lenda do Heavy Metal nos deixou na manhã de domingo, 16 de maio de 2010. A morte é o fim? A pergunta parece estranha e com certeza é complexa, mas não quero entrar no mérito da crença e sim abordar de forma mais profunda o dito "fim da vida".
Ronnie James Dio nasceu Ronald James Padavona em 1942 na cidade de Houston, EUA. Com 67 anos e 52 de carreira, o vocalista se tornou referência no metal. O timbre e potência vocal tornaram-se uma marca, um exemplo, e conquistou admiradores pelo mundo. Músicos e fãs de rock pesado se curvam ao talento e profissionalismo de Dio.
O legado deixado por ele já é patrimônio da história, não apenas do rock, mas da música, é um marco indiscutível. Desde o Rainbow , o convite para integrar o Black Sabbath , sua carreira solo e as atuais turnês do Heaven and Hell, Dio parecia um gigante no palco, mesmo acompanhado dos mestres Tony Iommi e Geezer Butler, de forma alguma perdia o brilho, muito pelo contrário, destacava o peso da banda e comandava o espetáculo com maestria.
A descrição parece a de um fã apenas, só que na verdade, trata-se de um fato. Felizmente tive o prazer de conferir o Heaven and Hell ao vivo na última passagem pelo Brasil [só não pensei que seria a última mesmo] e comprovar a grandeza da banda e a voz impecável daquele senhor simpático, franzino e baixinho.
Perder um ídolo é muito difícil, mas seria ainda pior ve-lo perder as forças e impossibilitado de fazer o que ama, cantar.
Poucos músicos com a idade dele podem subir ao palco e segurar 2hs de metal com propriedade, carisma e voz a plenos pulmões do início ao fim. O melhor é pensar na figura dele como um vocalista de extrema importância na história da música pesada, sem confusões atreladas ao seu nome [com excessão de um rumor envolvendo Dio e Gene Simmons do Kiss. Algo sobre a invenção do sinal de chifres com as mãos. Rsrsr!] diferente de muitos "artistas" de hoje, preocupados demasiadamente com a imagem, e que esquecem o mais importante, a música em primeiro lugar.
Deixo as comparações para outro dia, agora não é o momento, é hora de registrar a importância do mestre e reverenciar a voz de Dio. A vida dedicada a música, ao metal, uma legião de fãs, canções transformadas em clássicos do rock...
...Dio vive na sua obra, a cada faixa reproduzida, nas paredes dos quartos, arquivos, fotos e onde nunca poderá ser apagado, nossas memórias e corações.


R.I.P - RONNIE JAMES DIO (1942 - 2010)


DIO "Holy Diver" (Dio´s Inferno the Last in Live - 2006)

Korn

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Johnatan Davis ao vivo em São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)

São Paulo – 21 de abril de 2010 - Credicard Hall

Quarta-feira, 21 de abril de 2010. Dia de Tiradentes certo? Historicamente sim, mas ontem não foi apenas dia dele, também foi dia dos caras do Korn se apresentarem em São Paulo.

Se você ficou irritado por ter trabalhado ontem e pensou em ser músico por um dia, talvez o fato dos gringos terem labutado te console. Tudo bem! Provavelmente eles não faziam ideia do nosso feriado e enquanto uma galera curtia a praia eles cumpriam seu dever.

Essa minha introdução, na verdade, é uma das possíveis teorias para o espaço vazio formado na pista do Credicard Hall. Posso estar enganado, mesmo porque, essa não é a primeira apresentação do Korn por aqui e a última não faz muito tempo – 2008 junto com Ozzy Osbourne – é a terceira vez, mas vale lembrar que essa foi a única apresentação da turnê no Brasil e um show desse porte não costuma ser tão fraco de público.

O primeiro a subir ao palco foi um DJ, não creditado, mandando um som para aquecer o público, de Rage Against the Machine a uma estranha mistura de Nirvana com Daft Punk.

Antes mesmo de ouvir a música, o backdrop preto com Korn em branco, aumentava a expectativa pelo show. A abertura ficou a cargo do Skin Culture com seu metal rápido e direto. Para quem não conhece os caras vale a pena conferir, eles já abriram para o Sepultura, P.O.D e Ill Niño. O vocalista Shucky disse: “Não pagamos para estar aqui, ralamos para isso e agradecemos ao Fieldy pela oportunidade”. A apresentação deles justificou a escolha do baixista do Korn.

Com apenas alguns minutos de atraso, as luzes finalmente se apagam, a faixa “4U” anuncia o começo do show. Acompanhada de gritos e olhares atentos ao palco, ainda sem os músicos, no centro em destaque, a bateria de dois bumbos com o nome da banda estampado. O primeiro a aparecer é o batera Ray Luzier, em seguida surge o guitarrista “Munky” Shaffer com uma faixa branca pintada nos olhos e fazendo careta para a galera na grade. A introdução de “Dead Bodies Everywhere” já está rolando quando, finalmente, entram o baixista Fieldy e o vocalista Jonathan Davis.

James "Munky" Shaffer ao vivo em São Paulo

Como é de costume da banda, foi porrada na orelha sem pausa. O primeiro respiro foi na sétima música, quando Jonathan berrou: “São Paulo!” e anunciou a música nova “Oildale”. Korn III tem previsão de lançamento para o segundo semestre e será o nono álbum de estúdio, terceiro sem o guitarrista Brian “Head” Welch.

Apesar da ausência dos membros originais “Head” e o baterista David Silveria, os músicos de apoio cumprem muito bem a missão, preenchem o som e executam arranjos muito bem elaborados. As apresentações ao vivo do Korn costumam ser muito precisas e dessa vez não foi diferente. Destaque total para o virtuoso Ray Luzier que além do toque pessoal nas músicas, acrescenta toda uma performance, rodando as baquetas, fazendo caras e bocas, dois solos curtos mas suficientes para deixar a galera paralisada.

Ray inicia o toque famoso no prato de condução e praticamente como uma voz de comando, as rodas começam a se formar, a euforia aguarda o momento de explodir com a pergunta de Jonathan: “Are You Ready?”. Um chamado comum para os fãs de rock, imortalizado na letra de “Blind”, single responsável por colocar o Korn no topo do pedestal das bandas de Nu Metal.

No final da música, Fieldy e Ray puxam o fechamento no baixo e batera idêntico ao da gravação original e se despedem. Como assim? Acabou? Claro que não! Poucos minutos depois Jonathan Davis entra com sua gaita de fole para delírio dos presentes. Para os viciados de plantão, a presença da gaita só pode significar uma coisa, “Shoots and Ladders” é a próxima música. A clássica do primeiro CD de 1994 é acompanhada de “Clown” do mesmo álbum e o grand finale com “Got The Life”.

Uma coisa é certa, com ou sem público, o Korn é daquelas poucas bandas impecáveis ao vivo, souberam dosar muito bem os clássicos e fazer um apanhado dos quase 20 anos de carreira. Arrisco em dizer que esse deveria ser um show obrigatório no currículo dos fãs de boa música.

Mesmo fazendo parte de um movimento “passado”, enfrentado crises com integrantes, o mercado e afins, a pequena amostra do próximo álbum comprova a capacidade desses músicos de se reerguer, reinventar e deixa o recado: “Não vamos a lugar algum... We´re HERE TO STAY.”

Set List:

4 U (ISSUES 1999)
Dead Bodies Everywhere (FOLLOW THE LEADER 1998)
Need To (KORN 1994)
Coming Undone / We Will Rock You (SEE YOU ON THE OTHER SIDE 2005)
Here to Stay (UNTOUCHABLES 2002)
Falling Away From Me (ISSUES 1999)
Oildale (KORN III 2010)
Somebody Someone (ISSUES 1999)
Did My Time (TAKE A LOOK IN THE MIRROR 2003)
Throw Me Away (SEE YOU ON THE OTHER SIDE 2005)
Helmet in the Bush (KORN 1994)
Freak on a Leash (FOLLOW THE LEADER 1998)

Good God (LIFE IS A PEACHY 1996)
Blind (KORN 1994)
Shoots and Ladders (KORN 1994)
Clown (KORN 1994)
Got the Life (FOLLOW THE LEADER 1998)

"Nós somos o Fear Factory!"

domingo, 6 de dezembro de 2009


Ouvir essa frase depois de quase oito anos de hiato, com certeza, mexe até com quem não é fã. Na verdade pode não haver um significado mais profundo, provavelmente é uma frase usual do frontman Burton C. Bell, mas para os fãs mais devotos da banda, essa afirmação alimenta esperanças e afasta qualquer dúvida. Sim! Os caras estão de volta. A banda oficializou o retorno aos palcos esse ano, depois de muita polêmica em torno da dupla Dino Cazares e Burton C. Bell, e os outros membros originais contrários ao uso do nome Fear Factory sem a presença deles. Com ou sem os caras, o importante é ter a banda na ativa novamente e melhor, preparando um novo álbum. Na última sexta feira eles se apresentaram em terras brasileiras pela primeira vez, confesso não ter sentido a falta do batera e baixista originais, o baixista Byron Stroud, membro desde 2004, e o monstro Gene Hoglan mostraram extrema competência, além do mais, a voz e os riffs que colocaram os caras na história do metal estavam lá, transportando os presentes a uma viagem no tempo e tirando a poeira dos ouvidos sedentos. Para satisfação do público, o repertório foi elaborado para garantir o máximo de delírio possível. A abertura deu o tom da apresentação, “Shock” do álbum “Obsolete” de 1999, colocou o Espaço Lux abaixo. A expressão das pessoas foi mudando da perplexidade para a insanidade, inspirados por um frontman entusiasmado e nitidamente compenetrado, apontando para os fãs e conduzindo o show como um verdadeiro maestro. Sem direito a respiro, os caras mandaram “Edge Crusher”, “Smasher Devourer” e só pararam depois de “Martyr” do primeiro álbum “Soul of a New Machine” de 1992. Mesmo com seus 40 anos, Burton C. Bell mostrou quanto o tempo só o fez aprimorar – a saber, o Fear Factory foi uma das primeiras bandas a utilizar os dois tipos de vocal, gutural e melódico – seus berros insanos e o timbre de voz singular não sofreram alteração. Não preciso nem mencionar a performance de Dino Cazares, também longe de ser um menino, andava de um lado para o outro do palco, chamava o público, bangeava como um louco, e claro, preciso e matador na guitarra. Assisti alguns vídeos de apresentações da banda, antes do hiato, e notei a presença de um tecladista no palco. Agora eles não contam mais com o teclado, mesmo assim, tiveram a preocupação em colocar as introduções idênticas as dos álbuns, permitindo aos mais viciados reconhecerem as músicas antes mesmo do primeiro acorde. No meio da tempestade dos grandes clássicos, aproveitaram para executar ao vivo, a inédita “Powershifter” e pela amostra é possível prever um grande álbum da banda vindo por ai, essa música fará parte de “Mechanize”, previsto para ser lançado no começo de 2010. Sem frescura e literalmente sem pausas, a não ser pelas rápidas trocas de guitarra, o Fear Factory mostrou profissionalismo, paixão e muita energia, fizeram valer cada centavo pago no ingresso, sem colocar fama em pedestal de ouro, pelo contrário, demonstraram respeito aos fãs e um show digno de fortunas cobradas por outros artistas. Guardaram o sucesso “Replica” para o final e com ela se despediram dos fãs brasileiros, agora com certeza ainda mais ansiosos por material novo. Aos que não conseguiram conferir os caras ao vivo ou não acreditam nesse retorno, posso garantir, eles voltaram para ficar. 


Diferente de outras “reuniões” externaram razões claras para isso. São músicos talentosos e competentes, que acreditam no seu trabalho e fazem música verdadeira, a parte de qualquer tipo de modismo ou inclinação comercial. Se o Fear Factory não entrou para a sua lista de shows, trate de colocar, pois é raro presenciar uma banda com quase vinte anos de carreira demonstrar tanta disposição no palco quanto eles, agora nos resta aguardar o lançamento do novo álbum e o retorno dos caras ao país, eu estarei lá com certeza. 

 Set List: 

Shock 
Edgecrusher 
Smasher/Devourer 
Martyr Scapegoat 
Crash Test 
Linchpin 
Powershifter 
Resurrection 
Demanufacture 
Self-Bias Resistor 
Zero Signal 
Flashpoint 
H-K (Hunter-Killer)
Pisschrist 
Replica

MÚSICA?

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Eu sempre me preocupei com música. Desde o colégio prestava atenção nos detalhes, fazia críticas mesmo sem muito conhecimento, mas uma coisa era certa, a melodia precisava vir da alma. Tenho plena consciência da minha extrema paixão por sons carregados de sentimento, motivo esse que me torna tendencioso ao falar do assunto, música faz parte da minha vida em tudo. É até engraçado, as vezes me pego sozinho cantarolando alguma coisa ou, melhor ainda, quando estou caminhando e sou transportado para uma outra realidade, é como se eu estivesse em um filme e a trilha sonora acompanhasse cada passo. Tá bom! Concordo! Eu sou meio maluco mesmo, mas acho necessário ser um pouco maluco para entrar na vibe do som, para sentir, respirar e se inspirar.
A vida nos torna menos sonhadores e mais realistas, essa perspectiva apaga um pouco a sensibilidade às coisas mais simples, aos estímulos mais discretos. Tudo se torna preto no branco, certo e errado, adequado e inapropriado... Perdemos tanto tempo nos preocupando e perdemos aquele "Click" dentro de nós, aquele capaz de apagar tudo ao redor e concentrar sua mente nas pequenas reações estimuladas pelo invisível. Tá! OK! poético demais, na verdade a intenção é fazer perceber a potencialidade de sentir, presente em todos nós.
Introdução feita, vou partir para o assunto principal, a razão real desse texto. Ultimamente tenho reparado nas bandas e artistas em destaque no Brasil, além claro de alguns gringos, mas aqueles que fazem uma massa segui-los, fãs de todos os tipos espalhados pelo país. Não é novidade para mim, nem para ninguém acredito eu, que o sucesso não é sinônimo de qualidade, mas espera ai, será possível ser tão indiferente ao ponto de venerar uma banda de vitrine? É sério! Não é o caso fazer uma lista aqui, mesmo porque eu provavelmente seria injusto [esqueceria ou desconheceria uma tonelada de bandas das quais o único diferencial é o nome]mas me deixa muito irritado o fato de bandas como essas conseguirem espaço, patrocínio, oportunidades que outras bandas do underground ou até mesmo algumas fora de qualquer cena não tem, mas fazem música honesta e de qualidade.
Ser uma banda independente já é difícil pelo próprio título, as pessoas relacionam isso a qualidade inferior e não se dão ao trabalho de parar para ouvir. Apesar desse pré-julgamento, a falta de interesse dos meios de comunicação especializados coloca mais um obstáculo no caminho dos músicos de verdade.
Não é um caso isolado das bandas de "sucesso", mas banda ruim ao vivo, na minha opinião, não é uma banda. Se metade dos fãs de certos artistas parassem para prestar atenção na qualidade dos seus "ídolos" quando o amigo Pro-Tools está descansando, com certeza a história seria diferente. Será? Pior que não. Fãs fervorosos de artistas pavorosos, perdem o foco cantando o mais alto possível aquele hit da rádio e não dão a menor importância se aquele ser ao microfone é competente.
Vou entrar num mérito bem polêmico [eu sei! falar de música remete a opinião (gosto?) e já é por exelência polêmico] rock cantado em português! Olha só! Eu sou fã de rock E de música boa, mas convenhamos que para cantar na nossa lingua é necessário muita competência e talento. CONFESSO, não gosto de nenhuma banda de rock nacional, salvo raras exceções, mas é uma questão de estilo. O rock nacional criou uma identidade e ela não me agrada, diante disso, porque não valorizar bandas brasileiras que escrevem letras em inglês? Muitas bandas fazem um trabalho tão ou mais competente que muito gringo, e o que acontece? Elas são obrigadas a sair do país para conseguirem o mínimo reconhecimento. Eu sei! A maioria delas volta ou permanece por lá no anonimato, mas se no próprio país elas não tem nenhum valor, sou a favor do valor mínimo lá fora. As pessoas tem a péssima mania de criticar os fãs de bandas internacionais: "Você nem sabe o que esse cara tá falando. Aposto que ele tá falando merda e ofendendo sua querida mãe". Amigo! vai se informar, você não vai perder nada pegando o encarte da banda e um dicionário, quem sabe assim vocÊ não aprende alguma coisa. Falando sério! Vamos supor que eu não entenda inglês, mesmo assim, prefiro ouvir música boa e não entender a letra, do que ouvir qualquer dessas bandinhas, das quais eu entendo em bom português, cantando um monte de asneira e frases feitas. É triste e não é ao mesmo tempo, todos merecem o seu espaço, mas conquistar a posição de "sucesso" implica também em uma série de mudanças, muitas delas ruins. Incomoda o fato de ter tanta coisa boa escondida e sermos obrigados a esse bombardeio de aberrações, mas muitas vezes penso: "É melhor assim".
A próxima vez que você ligar o rádio, pensa nisso. Você ouve aquilo que te agrada ou simplismente aceita te enfiarem guela abaixo esse pacote industrializado? Quando comecei a fazer música, desde o início, procurei não criar expectativas, faço do meu jeito, tenho liberdade para criar e traduzir em melodia as impressões da alma.
Sou metido a músico, mas não vivo de música, gostaria muito, só que o quadro retratado bem na minha frente faz a propósta mudar de rumo. Quanto vale a sua arte? Quanto vale a sua arte para os outros? Que relevância sua arte teria na vida das pessoas? Você quer sua música tocando no rádio? Quer mesmo? E ser classificado junto com tudo o que toca lá também? E aquilo é MÚSICA?

Maquinaria Festival 2009

sábado, 14 de novembro de 2009

Os festivais são sempre muito comemorados e aguardados, principalmente no Brasil. Qual seria a característica mais interessante de um festival? Assistir mais de um show no mesmo dia e, de preferência, grandes bandas no mesmo lugar. Bom! Se essa é a idéia de um festival, o Maquinária, portanto, soube colocar o que há de melhor em prática. Começou discretamente no Espaço das Americas, na sua primeira edição em 2008, reunindo bandas como Misfits e Sepultura, teve alguns detalhes negativos, nada fora do comum para a estréia, mas reuniu uma galera de peso num evento de porte internacional.

Em 2009, com mais experiência e vontade de ser grande, a organização caprichou não apenas no casting, mas na estrutura preparada para receber um público exigente e sedento por ver as bandas preferidas. Antes de entrar no mérito BANDAS, quero abrir espaço para observações com relação á propósta, preparação e execução do projeto.
Não é novidade para ninguém que no nosso país as coisas relacionadas a cultura, arte e principalmente MÚSICA, são mais difíceis do que o normal. Muita buricracia, muita política e zero preocupação com quem realmente interessa, o fã. Concordo que a escolha do local não foi a mais apropriada, no que diz respeito a logística de transporte, a Chácara do Joquei não é o lugar mais acessível de São Paulo [Quase nenhum lugar é, levando em consideração o nosso trânsito caótico] e para os que foram pela primeira vez, provavelmente, encontraram dificuldades. Agora, pensando no local em si, a arena preparada para os shows, ai sim a escolha faz sentido. A organização começa na porta, conferência de ingressos, postura dos seguranças com o público, indicação dos locais e etc. Como em qualquer outro evento, o grande problema para quem se desloca de carro são os preços abusivos e falta de opções na hora de estacionar, mas entrariamos numa discussão longa.
A primeira impressão que tive quando cheguei na arena dos palcos foi a disposição, nada de palco principal no pedestal e o palco alternativo numa tenda escondida, NADA DISSO, um palco de frente para o outro e o público no meio. Esse aspecto não deixou que as atrações fossem subjulgadas, a opção ficou a cargo de quem estava lá. Um detalhe negativo observado em muitos festivais, quando conta com muitas bandas, é o horário. Comigo não será diferente, vou falar do horário, mas dessa vez para elogiar, as bandas entraram no horário e sincronizadas. O Maquinária contou com o palco principal e o palco Myspace, onde as bandas independentes mostraram o seu trabalho, assim que a banda no palco "principal" encerrava, a banda do outro lado já começava a sua apresentação.

Devo ressaltar aqui a minha visão parcial do evento, pois o mesmo contou com dois dias de shows e eu só compareci no primeiro dia, mesmo assim, observei grandes potenciais nesse evento que, segundo foi anunciado, pode contar com uma terceira edição em 2010. Acredito ser importante abrir espaço para bandas independentes em eventos desse porte, mas tenho uma observação a fazer:
Abrir espaço para bandas de menor projeção, OK! Deixar bandas nacionais de grande importância em segundo plano, ERRADO. Sim, eu estou falando do Sepultura. Assim como muitos devem pensar, a banda na ativa hoje não é a mesma que se consagrou no mercado internacional e abriu espaço para muitas outras, mas não acredito ser correto coloca-la em meio a atrações internacionais do porte de Deftones e Faith No More.
Calma! Calma! Não estou dizendo que uma é mais do que a outra, mas se formos pesar a frequência em que podemos conferir o Sepultura ao vivo e as duas bandas citadas, provavelmente teremos um resultado a favor das bandas gringas, e não é essa a intenção. Se o Sepultura vai participar de um festival, que seja Headline e outras bandas de menor projeção toquem antes. A história e o nome da banda devem ser respeitados.

Agora entramos no casting internacional e a organização do festival conseguiu reunir três bandas consideradas riscadas do mapa. É isso mesmo! o Deftones teve um sério problema com o baixista, hospitalizado devido a um sério acidente de carro no ano passado, o Jane´s Addicition era considerada uma banda acabada [apesar de não ser muito fã do Jane´s, ao menos a menção tinha de ser feita, essa é a última que farei nesse texto] e o Faith No More que estava em hiato desde 1998, praticamente sem previsão de volta não era esperada nem na gringa para possíveis shows.

E aqui estavam elas, ao vivo e a cores senhores. O Deftones pode ser considerada pelos mais extremos como "New Metal", mas em defesa dos fãs e em forma de alerta para os que pouco conhecem a banda, procurem algum registro dos caras ao vivo, o dito Nu Metal pode estar presente na afinação e na preferência das sete cordas, mas com certeza o METAL está presente e isso não há como negar. A energia dos caras no palco é impressionante. Mesmo desfalcados [Chi Cheng, baixista original ainda está hospitalizado] esses californianos mostraram para que vieram. Às 17:40, eles subiram ao palco e oficializaram o sucesso de uma noite histórica com um repertório recheado dos clássicos e algumas músicas que faltaram na última apresentação de 2007, num dia quente e enssolarado de sábado. Confesso nunca ter visto uma banda gringa tocar durante o dia e devo dizer que corre o risco de ser mais legal do que nos palcos iluminados e produzidos a que estamos acostumados.

Depois de um show forte candidato á melhor do dia, com direito a Chino Moreno (vocalista do Deftones) na grade entoando junto com o público "Hexagram", só restava esperar o tão aguardado Faith No More. O relógio marcava 21:00 e a ansiedade era quase incontrolável, para piorar ainda mais, uma chuva fina começa e os técnicos da banda que já passavam o som, começam a cobrir os equipamentos. O primeiro pensamento é; "Não acredito que o show mais aguardado vai ser atrapalhado pela chuva", sim porque, depois de um dia de céu azul e sol forte só podia chover e não parar mais, ainda mais se tratando de São Paulo.

Pessimismo à parte, a chuva logo diminuiu e já era possível ver Mike Bordim (baterista do Faith No More) ajustando os últimos detalhes. O show estava marcado para às 21:30 e às 21:29 as luzes do palco se apagaram e já era possível ouvir os primeiros acordes de "Reunited", cover da banda Peaches & Herb, música que marcou a volta dos caras aos palcos. Ainda com as luzes apagadas, a banda continua na introdução da música quando, vestindo um terno vermelho, óculos escuros, bengala e um guarda-chuva entra no palco o monstro Mike Patton (vocalista e líder do Faith No More).

Com os berros insanos dos presentes quase passa desapercebida a fusão entre o fim do cover e a esmagadora "From Out Of Nowhere" (clássica do álbum The Real Thing de 1989) e à partir dai, uma viagem nos maiores clássicos da banda e mais, um marco na história da música, pois com toda certeza, essa banda não volta para o Brasil tão cedo, ou diria, NUNCA MAIS. Mike Patton fez questão de falar em português, meio esquisito e com sotaque, mas se esforçou. Tirou sarro deles mesmos ao dizer que estavam velhinhos e precisavam descançar, e claro, não perdeu a chance de sacanear com a chuva, dizendo que estavamos todos molhados, enquanto eles estavam secos. Repleto de loucura no palco, grunidos e sons indescritíveis, levou a noite muito a vontade. O mais incrível era ver a banda acompanhando a insanidade de Patton, não em gestos, mas garantindo o acompanhamento sonoro. Repetindo o feito da última apresentação dos caras no país, tocaram "Evidence" cantada em português, nesse momento, se fechar os olhos, não sabe se está no show do Faith No More ou de uma banda portuguesa cover deles. Como já é tradição, fizeram dois BIS e se despediram do Brasil testemunhados por um público, praticamente, em transe.

Volto a alertar os apreciadores não só de Rock, não só de Metal, mas de música. Essa noite entrou para a história e será repetida nas rodas de bares e causos não só de quem presenciou, mas daqueles cujo o valor da música nas suas vidas, ultrapassa preconceitos e determinações estilísticas. Além da valorização, exagerada inclusive, feita por mim com relação a esse dia, é muito bom saber que o Brasil ainda é rota obrigatória da música. E essas meus caros, não são apenas palavras de um réles apresentador, e sim, dos artistas de que tanto falamos, aqueles capazes de transformar melodias em trilha sonora para nossas vidas, sim ELES, repetem e não cansam de dizer o quanto o público brasileiro é diferente, devolve energia, é apaixonado e apaixonante, até louco por vezes, mas com certeza aptos a transformar um show num espetáculo e fazer com que os gringos enxerguem o quanto somos intensos e gigantes por natureza.